quinta-feira, 23 de junho de 2011

Caratinga Recebe "Genteminha" Com Todo Amor e Carinho

Minha charge, em cima da logomarca criada pelo Ziraldo para o grupo Caratinga Genteminha

Um comentário:

  1. AVE GENTEMINHA!

    Os flashes não estouravam e não era mais preciso trocar o filme da “kodak”. O brilho dos dias, do tempo, era um brilho sem precedentes. O reflexo das luzes estamparia no dia seguinte o formato do sucesso, após criteriosa determinação, componente elementar para a arregimentação.

    Lá no fundo, o retrato da Matriz. Bela estampa, emoldurada num quadrante formado de pavios coroados por verdes palmas, pescoços longos vigilantes por cima da praça do coreto. De proteção, a grandiosidade da “Pedra do Silva”, que muitos teimam em apelidar de Itaúna. Via-se a síntese de um conjunto de vigilância corporificado pela solidez da grande rocha, a vigilância das palmeiras e a fé obediente encastelada nas paredes da Catedral, despejando eflúvios de temperança e prazer sobre a turba que se acomoda sob os toldos estilizados da Cesário Alvim.

    O frio, dissimulado, espertamente consegue encontrar frinchas entre os alambrados e assopra, penetrante. Não há indiferença; não há medo. Que venha o frio. Que faça frio. Nada desobriga ninguém de viajar na voz de veludo de Renata Cordeiro. Nada afasta da possibilidade de abraçar aquele amigo do qual não se lembra do nome. O posicionamento não é privilegiado. Sim, é bem ali, ao lado de mil outros que desceram ou subiram a “ribaia”, em busca desse encanto.

    No bailado dos cabelos ralos um colorido descontinuo de mechas prateadas. Em mais das vezes uma freqüência na ausência delas. Troca de afagos, abraços contundentes e beijos estremecidos; tudo flui dentro de uma lógica decente e determinada. Sobra disposição. O nebuloso trejeito de se submeter ao recalque da crítica, do desdém e do comparativo inócuo não aparece. Nada, nada de um bando de perdidos numa tarde sem rumo.

    O fluxo da certeza tem sua tradução na seriedade com que se ouve o repique dos taróis, surdos e caixas de guerra. A caminhada confiante repercute-se na cadência dos passos alinhados, despejados em marcha na avenida, sob o manto de aplausos contundentes.

    O tempo não muda só com a reordenação do espaço geométrico da cidade. A verticalidade edificada apontava para os céus; uma incipiente envergadura arqueava alguns ombros, mas não faz qualquer efeito na disposição de cada um. O que se vê mesmo é uma circunspecção nas faces coradas, um sorriso solidificado e sóbrio, sobrepondo-se ao disfarce da seriedade de alguns cinqüentões, misturados e embebidos pela emoção do “se algum dia a minha terra eu voltar”.

    Caminhava-se pelos tempos de anteontem!

    Despertávamo-nos dentro de um sonho, onde o espectro do encontro representa a realização de um show imaginário, vivido nas tardes sóbrias, embebidas do sonho de loucura, do cabelo ao vento, única bandeira que nos arremessava rumo ao desbravamento da vida.

    Todos Gente Minha. Gente Minha não, GENTE MINHA, um estado de espírito!

    Sobrepujadas as distâncias, todas elas, revertidas na concentração palpável de um mesmo espaço físico, sobra o deleite do aperto de mão, do abraço, do beijo, do olhar derreado e saudade de voltar no próximo ano.

    AVE GENTE MINHA!

    Wagner M. Martins – Sabará – 29/06/2011

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